A montanha pariu um rato
Ministro da Economia repete anúncios e continua a não
aceder ao diálogo
por CPPME
O Conselho de Ministros Extraordinário e a Conferência de Imprensa
do Ministro da Economia, anunciada com "trompas e cornetas", criaram
legítimas expectativas nos portugueses e em particular nos MPME
Micro, Pequenos e Médios Empresários.
Afinal a montanha pariu um rato
O
Plano Estratégico para o Crescimento e Emprego
, não passa da
repetição de medidas por várias vezes já anunciadas
e aquelas que parecem ser novidade não foram suficientemente
concretizadas para se saber, com rigor, do que se está a falar.
Até parece que este Governo corre para o abismo, sempre com novos
anúncios, de anúncios já anunciados anteriormente.
O Governo já anunciou pela enésima vez medidas para a
formação, o empreendedorismo, o financiamento às empresas,
a revitalização das empresas, a descida do IRC, a ajuda aos
projectos parados pela burocracia, a internacionalização, quando
efectivamente o que se esperava era que o Governo nos informasse da
eficácia de execução dessas medidas, ou do seu fracasso,
como parece ser o caso, dado que estão a ser novamente anunciadas.
O Governo repete mais uma vez a criação do Banco de Fomento,
agora envolvido com a CGD - Caixa Geral de Depósitos, só
não explica por que é que não é a CGD a desempenhar
essa missão, dado que é um banco público e tem instalados
balcões, em todo o território nacional, com pessoal habilitado a
desempenhar essas funções, como a CPPME defende desde a primeira
hora.
O Governo fala de reduções nos "spreads" e taxas de
juro, de alargamento de prazos para pagamento de empréstimos concedidos,
mas para além de teorizar de uma forma meramente abstracta e
propagandística, nada refere acerca dos incomportáveis valores
actuais nas taxas de juro aplicadas às empresas portuguesas, que
são sensivelmente o dobro da média europeia, para além de
ficarmos sem ter qualquer conhecimento concreto sobre os valores e prazos
destes instrumentos no futuro.
Mantém a aposta completamente focalizada nas exportações,
quando a maioria das empresas Portuguesas labora no circuito económico
interno nacional. A CPPME sublinha que é impossível ao Governo
obter resultados quando trabalha sobre a base dos seus desejos
intrínsecos e ideológicos e não sob a realidade, de facto,
das características do tecido empresarial nacional.
Complementarmente a esta ideia, a CPPME alerta para gravidade de uma
intenção de medida enunciada ontem, que consideramos de plena
gravidade democrática: As palavras do ministro da Economia foram claras
ao considerar "o tecido empresarial muito espartilhado", enunciando
as bases para a criação de instrumentos e incentivos financeiros
para consolidação de fusões e aquisições.
Ora, a CPPME considera tal anúncio, uma autêntica tentativa de
"estocada final" às micro e pequenas empresas.
Além disso, é completamente omisso no que concerne ao pagamento
das dívidas do Estado (central e local) às empresas, que tanta
falta faz à tão depauperada tesouraria das MPME.
Fala dos custos de contexto mas nada diz sobre os preços da energia,
nomeadamente do agravamento do IVA de 6 para 23% e dos escandalosos lucros dos
grupos monopolistas privados que detém a explorações das
principais fontes de energia.
O Governo fala de um projecto de apoio ao Comércio Tradicional, sem
especificar do que está a falar, também nada diz sobre a
tenebrosa lei das rendas, na vertente do "arrendamento comercial",
que nos centros históricos das principais cidades está a obrigar
a encerrar inúmeros estabelecimentos no comércio,
serviços, restauração e hotelaria.
Fala de medidas no plano fiscal, designadamente na baixa do IRC, que é a
repetição do mesmo anúncio de há três meses,
sem concretizar coisa alguma, mas também nada diz sobre o IVA de caixa
que até colocou no Orçamento de Estado de 2013, do IVA da
Restauração e Bebidas, do Pagamento Especial por Conta, da
Avaliação Patrimonial e o IMI, etc.
O Governo e o senhor ministro da Economia e do Emprego não respondem
às questões estratégicas da economia nacional e em
particular às Micro, Pequenas e Médias Empresas que estão
a atravessar situações dramáticas que as empurram para a
falência e para o desemprego.
Porque o Governo não responde, igualmente, a outra das questões
centrais: quebra brutal da procura interna e crescimento exponencial das
insolvências, falências e desemprego, ou seja, não responde
como é que se revitaliza o mercado interno. Não responde a
perguntas tão elementares como: investir para quê? Produzir para
quem? Se os portugueses continuam a perder poder de compra!
Por outro lado, o ministro da Economia disse, na conferência de imprensa,
que mantém o diálogo com os parceiros sociais, o que não
corresponde completamente à verdade.
A CPPME, única Confederação Nacional exclusiva de Micro,
Pequenas e Médias Empresas, solicitou uma Audiência ao senhor
ministro da Economia e do Emprego, com carácter de urgência, logo
no início de Janeiro e, até hoje, o senhor ministro não se
dignou a estar disponível para falar com a CPPME. Será por isso
que o senhor ministro da Economia não tem conhecimento das reais
características do tecido empresarial nacional? Com quem andará a
falar?
Por último, a CPPME reafirma as propostas alternativas que apresentou,
em Julho do ano passado, ao senhor primeiro-ministro e a todos Grupos
Parlamentares, que infelizmente, continuam no papel. Ao mesmo tempo que aguarda
com serenidade que o senhor ministro mostre disponibilidade para dialogar com a
CPPME.
Seixal, 24 de Abril de 2013
O Executivo da Direcção da CPPME
O original encontra-se em
http://cppmeseixal.blogspot.pt/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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