Casus belli
por KKE
"Sustentabilidade", "razoabilidade", "reforma
necessária" são algumas das palavras proferidas por
responsáveis do governo [grego] no esforço para defenderem seus planos
contra o sistema de segurança social e para ocultar a verdade.
Elas não originais de todo. A "sustentabilidade" e
"razoabilidade" do sistema foram mencionadas por todos os governos
anteriores a fim de justificar as suas próprias
intervenções anti-povo no sistema de segurança social.
Eles estão agora a fazer o mesmo. A ND e o PASOK utilizaram toneladas de
mentiras e dados selectivos na sua argumentação. Hoje, a
coligação governamental do partido "de esquerda" SYRIZA
e o partido alegadamente "patriótico" ANEL estão a
fazer o mesmo.
Governos burgueses anteriores "de direita",
"sociais-democratas" e "tecnocráticos" também
implementaram aumentos na idade de reforma, aumentos das
contribuições de segurança social e reduções
nas pensões. As novas medidas do governo SYRIZA-ANEL são uma
continuação de todas as leis anti-povo anteriores.
Esta é a razão porque o governo SYRIZA-ANEL está a tentar
por um lado diferenciar-se dos outros partidos burgueses utilizando slogans
falsos e por outro a atentar reduzir ou assimilar protestos populares com
mentiras e manobras.
Esta semelhança com governos anteriores não é de modo
algum acidental. O governo está a marchar sem desvios ao longo da linha
estabelecida pelas directivas específicas e orientações da
UE, as quais objectivam libertar o capital e o seu estado das suas
contribuições para o sistema de segurança social, para
transformar cuidados de saúde, previdência e pensões num
assunto privado para os trabalhadores.
No final das contas, eles pretendem criar novas avenidas de lucratividade para
os abutres das companhias de seguros privadas, seja através da sua
gestão dos activos dos fundos profissionais ou através de
contratos de seguro nos sectores da saúde e das pensões.
Todas as leis redigidas ao longo dos últimos 25 anos, dentre elas
aquelas votadas favoravelmente ou que estão a ser preparadas pelo
governo actual, estão completamente alinhadas com o objectivo de mais
uma vez reduzir o preço da força de trabalho a fim de aumentar a
lucratividade do capital. A diferença é que o governo de hoje
está mais uma vez a exibir a pose de que alegadamente é um
"negociador duro" com as organizações imperialistas
(UE, Banco Central Europeu, FMI). Assim, G. Katrougalos, o ministro do
Trabalho, declarou: "O povo deveria tomar as ruas. O povo nas ruas apoia
as mesmas coisas que eu. Redistribuição, pensões mais
altas... E estou a tentar negociar as instituições em favor
destas coisas. Contudo, ao mesmo tempo estou também a tentar equilibrar
entre a necessidade de o sistema de pensão ter estas
características e a necessidade de colmatar os défices que
existem. E nossa diferença básica com os governos anteriores
é que a minha reforma tem um carácter redistributivo e é
socialmente favorável àqueles 'na base' ".
O descaramento destes chamados "esquerdistas radicais" não tem
limites. E se os objectivos do governo estão alinhados com aqueles do
povo, como é possível que a Federação
Helénica de Empresas (SEB) e as "instituições",
isto é, a UE e o FMI, aplaudam o plano do governo contra a
segurança social e Katrougalos fique satisfeito com isto?
Se o governo quer que o povo vá às ruas, então porque
é que ele enviou a polícia de choque para atacar a
manifestação do PAME na sexta-feira passada, em 08/Janeiro/2016?
Se esta reforma é "socialmente favorável aos de baixo"
então porque ela esmaga os pequenos e médios agricultores, abole
a EKAS (pensão adicional) para pensionistas pobres, condena velhos e
novos pensionistas a pensões de fome?
O ministro é um mentiroso e um trapaceiro e quer o movimento para a
manifestar-se a favor do governo para esconder que está do mesmo lado do
patronato e das "instituições".
O secretário-geral do Comité Central do KKE, Dimitris
Koutsoumpas, durante sua visita à 4ª maior cidade da Grécia,
declarou que
"A nova lei da segurança social é um
casus belli
para a
classe trabalhadora e os estratos populares".
Como enfatizou o secretário-geral à sede da municipalidade e
após reunião com o alcaide comunista, K. Peletidis,
"É preciso que haja um levantamento geral de modo a que este
projecto de lei não seja posto sobre a mesa ou proposto, nem na forma
que ele finalmente tomará após as negociações do
governo com seus 'parceiros'. Ele não deve ser apresentado no
Parlamento. Se for apresentado deve-se votar contra ele. E naturalmente isto
pode acontecer só se a classe trabalhadora, os agricultores pobres, os
auto-empregados, a juventude e as mulheres dos estratos populares do nosso
país tomarem as ruas. Se forem às ruas e manifestarem seu poder
real, então este projecto de lei pode realmente ser atirado para o
lado".
12/Janeiro/2016
O original encontra-se em
inter.kke.gr/en/articles/Casus-Belli/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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