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							Como Obama está a fomentar uma crise na Península Coreana
						
							O que preocupa os norte-coreanos?
						
							NOTAS As relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte atingiram
							um nadir e, na maior parte dos media ocidentais, fala-se da aparentemente
							irracional retórica dura vinda de que é acusada a Coreia do
							Norte. Inexplicavelmente, dizem-nos, a Coreia do Norte optou por elevar a
							tensão. 
 O que está a faltar nesta imagem do comportamento hostil norte-coreano e
							da imaculada inocência americana é contexto. Como é
							frequente, os media apresentam eventos de um modo isolado como se surgissem
							subitamente e sem qualquer causa.
 
 É preciso olhar para trás no tempo para perceber o que
							está a perturbar os norte-coreanos. Em meses recentes, a
							administração Obama deu um certo número de passos que a
							RDPC (República Democrática e Popular da Coreia, o nome oficial
							da Coreia do Norte) considerou ameaçadores.
 
 O primeiro passo no caminho do agravamento das relações ocorreu
							em Outubro de 2012, quando os Estados Unidos concederam à Coreia do Sul
							uma isenção sob o Regime de Controle de Tecnologia de
							Mísseis, a qual permitiu estender o alcance dos seus mísseis
							balísticos de modo a que pudessem cobrir todo o território da
							RDPC.
							[1]
							Em consequência, houve um conjunto de termos que se aplicavam a todo o
							país que houvesse aderido ao tratado e um conjunto diferente que se
							aplicava só à Coreia do Sul, claramente com o propósito de
							alvejar o seu vizinho do Norte.
 
 Naquele mesmo mês, responsáveis militares dos EUA e Coreia do Sul
							encontraram-se para a Reunião anual Consultiva de Segurança, onde
							acordaram mudanças vastas na sua aliança. Ainda mais importante:
							eles desenvolveram um plano que denominaram "dissuasão sob
							medida" ("tailored deterrence"), o qual apela a
							operações militares conjuntas sul-coreanas-estado-unidenses
							contra a Coreia do Norte num certo número de cenários, incluindo
							incidentes menores. Qualquer "provocação" por parte da
							Coreia do Norte é para respondida com força desproporcionada e,
							segundo responsáveis militares sul-coreanos, "esta
							estratégia será aplicada tanto em tempo de paz como de
							guerra".
							[2]
 
 Uma componente essencial da dissuasão sob medida é uma
							"cadeia de destruição" 
							
								("kill chain")
							
							 para rastrear e atacar sítios de mísseis norte-coreanos, em que
							satélites e drones americanos detectam alvos e mísseis e
							aviões de guerra sul-coreanos eliminam-nos. O plano apela a um ataque
							antecipativo 
							
								(preemptive)
							
							 baseado na percepção de um lançamento iminente de
							mísseis norte-coreanos. O vice-comandante do Comando Coreia das
							Nações Unidas, general Jan-Marc Jouas, explicou que
							mísseis norte-coreanos podiam ser rapidamente alvejados "antes de
							estarem em posição de serem empregados".
							[3]
							 Para dizer isso em termos simples, poderia ser lançado um ataque a
							sítios de mísseis com base em suposições, mesmo
							quando mísseis norte-coreanos não estivessem numa
							posição de fogo.
 
 Em 13 de Abril de 2012, a RDPC lançou em órbita um
							satélite de observação da terra, o que disparou
							condenações pela administração Obama, com a
							acusação de ser um teste disfarçado de míssil
							balístico. Resoluções da ONU proíbem a Coreia do
							Norte de testar mísseis balísticos, mas Pyongyang argumentou que
							enviar um satélite para o espaço não é a mesma
							coisa que efectuar um teste de míssil balístico. Peritos em
							tecnologia de mísseis tendem a concordar, destacando que ao
							míssil lançado pela RDPC faltava o desempenho para servir de ICBM
							e que a rota do seu voo adoptou uma viragem aguda para evitar voar sobre
							Formosa e as Filipinas, uma acção que é contra-producente
							para um teste de míssil balístico.
							[4]
 
 Vasos navais sul-coreanos conseguiram recuperar destroços do
							míssil norte-coreano. Análises efectuadas mostravam que um motor
							pequeno com um baixo impulso de 13 a 14 toneladas propulsionaram o segundo
							estágio. O engenheiro aeroespacial Marcus Schiller, baseado de Munique,
							informou que um segundo estágio de baixo impulso e queima longa, tal
							como o utilizado pelos norte-coreanos, é precisamente a
							concepção necessária para um lançados de
							satélite. Tal concepção é necessária para
							atingir uma altitude suficientemente elevadas para colocar um satélite
							em órbita. Essa concepção, contudo, é inadequada
							para um teste de míssil balístico, pois ela faria perder mais de
							1000 km de alcance. Para testar um míssil balístico, o segundo
							estágio deveria ter a concepção oposta, tendo um alto
							impulso e tempo de queima curto. Schiller conclui que relatos dos media
							ocidentais de que o satélite norte-coreano serviu como teste de
							míssil balístico "não são verdadeiros".
							[5]
 
 Michael Elleman, analista de segurança do International Institute for
							Strategic Studies, observa que os resultados de um lançamento de
							satélite "têm aplicação limitada para
							mísseis balísticos", pois só fracções
							das questões em causa podem ser testadas. "Outras exigências,
							mais notavelmente tecnologias de re-ingresso e exigências de
							flexibilidade operacional, não podem ser tratadas adequadamente por
							lançamentos de satélites". Elleman informa que por estas e
							outras razões, lançamentos de mísseis com satélite
							pela Coreia do Norte "não são um substituto para o teste de
							mísseis balísticos".
							[6]
 
 Curiosamente, no mesmo dia em que a Coreia do Norte lançou o seu
							satélite para o espaço, a Índia, outra potência
							nuclear, testou o disparo de um míssil balístico sem que
							responsáveis americanos expressassem uma queixa.
							[7]
							 Os Estados Unidos não estão faltos de engenheiros aeroespaciais
							e responsáveis dos EUA certamente estavam consciente de que o
							lançamento do satélite da Coreia do Norte não podia
							tecnologicamente ser interpretado como um teste de míssil
							balístico disfarçado. Parece que a administração
							Obama deliberadamente optou por falsear a natureza do lançamento a fim
							de promover os seus próprios fins políticos.
 
 O lançamento do satélite proporcionou à
							administração Obama uma oportunidade para endurecer o nó
							corrediço em torno da Coreia do Norte e, após
							negociações extensas, conseguiu pressionar uma
							resolução no Conselho de Segurança das
							Nações Unidas. Como explicou a porta-voz do Departamento de
							Estado dos EUA, Victoria Nuland, a intenção da
							administração Obama era "continuar a aumentar a
							pressão sobre o regime norte-coreano. E estamos a procurar a maneira de
							melhor fazer isso, a avançar tanto bilateralmente como com nossos
							parceiros. Até que eles obtenham a mensagem, vamos ter de continuar a
							fomentar o isolamento deste regime".
							[8]
 
 Com a aprovação da resolução 2087 de
							22/Janeiro/2013 do Conselho de Segurança da ONU, novas
							sanções foram impostas à Coreia do Norte, apesar do facto
							de que o tratado internacional do espaço exterior garante o direito de
							explorar o espaço a "todos os estados sem
							discriminação de qualquer espécie".
							[9]
 
 A Coreia do Norte reagiu furiosamente por ser discriminada como o único
							país sobre a terra ao qual é negado o direito de lançar um
							satélite. A RDPC não tendia a anuir à
							imposição de sanções adicionais, quando a sua
							economia já estava a cambalear com as sanções existentes.
							Um porta-voz da RDPC destacou que ao forçar a resolução no
							Conselho de Segurança, os Estados Unidos haviam violado a Carta das
							Nações Unidas, a qual declara que "a
							Organização é baseada no princípio da igualdade
							soberana de todos os seus membros".
 
 Falando nas Nações Unidas, o delegado da RDPC, So Se Pyong,
							declarou: "Houve não menos de 2000 testes nucleares e pelo menos
							9000 lançamentos de satélite no mundo desde que a ONU existe, mas
							nunca houve uma única resolução do seu Conselho de
							Segurança que proibisse testes nucleares e lançamentos de
							satélites". Acrescentando que o Estados Unidos havia executado mais
							testes nucleares e lançamentos de satélite do que qualquer outro
							país, o delegado disse que não deveria ser permitido aos Estados
							Unidos bloquearem a Coreia do Norte exercerem o seu direito "a utilizar o
							espaço para fins pacíficos", nem utilizar as
							Nações Unidas "como uma ferramenta para executar a sua
							política hostil para com a RDPC".
							[10]
 
 Sem qualquer surpresa, a Coreia do Norte optou por exprimir a sua
							resistência à agressividade da política estado-unidense
							efectuando o seu terceiro teste nuclear em 12 de Fevereiro de 2013.
							Vários dias depois, numa aparente referência ao Iraque e à
							Líbia, os media norte-coreanos recordaram os destinos que haviam
							acontecido àqueles países que haviam abandonado suas armas
							nucleares em resposta à pressão estado-unidense. Estes exemplos,
							acrescentavam, "ensinam a verdade de que a chantagem nuclear dos EUA
							deveria ser contida com contra-medidas substancial, não com compromisso
							ou retirada".
							[11]
 
 Um dia após o teste nuclear, o Ministério da Defesa Nacional
							sul-coreano anunciou que havia instalado mísseis de cruzeiro capazes de
							atingir qualquer lugar na Coreia do Norte e que aceleraria o desenvolvimento de
							mísseis balísticos de alcance semelhante. Além disso, a
							implementação da cadeia de destruição 
							
								(kill chain)
							
							 seria acelerada.
							[12]
							 Planeada originalmente para estar completa em 2015, a cadeia de
							destruição está agora em vias de estar instalada no fim
							deste ano.
							[13]
 
 Enquanto decorriam discussões no Conselho de Segurança das
							Nações Unidas sobre a imposição de
							sanções adicionais à Coreia do Norte, a União
							Europeia avançou com o seu próprio conjunto de medidas, incluindo
							uma proibição de comércio com entidades públicas
							norte-coreanas e de comércio com títulos públicos da RDPC.
							A UE também aplicou uma proibição à abertura de
							bancos europeus na RDPC e de bancos norte-coreanos estabelecerem uma
							agência na UE.
							[14]
 
 Levou mais de três semanas para negociar uma resolução do
							Conselho de Segurança da ONU em resposta ao teste nuclear norte-coreano.
							A questão mais contenciosa era incluir ou não o Capítulo
							7, Artigo 42, o qual teria autorizado imposição militar. Tanto os
							Estados Unidos e a Coreia do Sul argumentaram fortemente pela sua
							inclusão. Outra questão difícil era a
							inspecção de navios cargueiros norte-coreanos e houve
							discussão extensa antes de os Estados Unidos e a China acordarem na
							extensão de inspecções.
							[15]
 
 Os chineses recusaram-se a acordar na imposição militar,
							certamente temendo que isso aumentaria o risco de guerra. Nem acompanharam
							algumas das medidas mais duras que os Estados Unidos haviam incluído,
							como uma lista de desejos na sua minuta.
							[16]
							 A imposição militar teria sido particularmente perigosa, dada
							história de como o Artigo 42 serviu de caminho para os Estados Unidos
							travarem guerra.
 
 Embora os Estados Unidos não obtivessem tudo o que queriam, a
							aprovação da Resolução 2094 em 7 de Março de
							2013 pelo Conselho de Segurança da ONU atingiu muitos dos objectivos que
							advogavam. A resolução exige a todos os países que
							inspeccionem navios e aviões norte-coreanos que forem suspeitos de
							transportarem bens proibidos. Restrições fortes são
							aplicada a operações bancárias norte-coreanas. É
							ordenado a países que impeçam indivíduos norte-coreanos de
							transferirem volume de dinheiro 
							
								(bulk cash),
							
							 incluindo pessoal diplomático, que passam a estar sujeitos a
							"vigilância agravada" em violação da
							Convenção de Viena sobre Relações
							Diplomáticas.
							[17]
							 Ao visar diplomatas norte-coreanos para vigilância, buscas e
							detenção, os Estados Unidos têm como objectivo eliminar um
							dos poucos meios remanescentes que a RDPC tem para envolver-se em
							transacções monetárias internacionais. As
							sanções bancárias da ONU e dos Estados Unidos fizeram com
							que a maior parte dos bancos internacionais ficassem pouco desejosos de ter
							transacções com a Coreia do Norte, forçando a RDPC a
							efectuar grande parte do seu comércio exterior na base de cash.
 
 É a medida de restringir negócios de bancos com a Coreia do Norte
							que promete infligir o maior dano à economia norte-coreana.
							"Perseguir o sistema bancário de um modo universal é
							comprovadamente a coisa mais forte na lista", observa antigo
							responsável do Departamento de Estado J. R. Revere. "Isto
							começa a morder na capacidade da Coreia do Norte para financiar muitas
							coisas".
							[18]
							 Primariamente o comércio normal, dever-se-ia notar.
 
 Poucos dias depois, o Departamento do Tesouro dos EUA avançou com as
							suas próprias sanções, proibindo transacções
							entre o Foreign Trade Bank da Coreia do Norte e indivíduos e
							negócios estado-unidenses, e colocando um congelamento sobre activos
							mantidos sob jurisdição dos EUA. O Foreign Trade Bank, destaca o
							Departamento do Tesouro, é "o banco primário do
							intercâmbio externo da Coreia do Norte".
							[19]
							 A proibição efectivamente impede bancos e empresas em outros
							países de comerciarem com o Foreign Trade Bank, por temor de serem
							excluídos do contacto com o sistema financeiro dos EUA. "Quando
							há um banco estrangeiro com que bancos dos EUA não estejam a
							fazer negócios, bancos em outros países começam a evitar
							transacções com ele", observa um especialista financeiro.
							"Eles ficam preocupados acerca de sofrerem eles próprios as
							consequências". Tipicamente, o comércio internacional
							está baseado no dólar, exigindo transacções a
							processar através do sistema financeiro estado-unidense. Por essa
							razão, "bancos chineses não vão ser capazes de ajudar
							a Coreia do Norte", acrescenta o analista financeiro.
							[20]
 
 Pelo seu lado, a Coreia do Sul adoptou políticas que agravam o perigo de
							guerra. Segundo um responsável militar sul-coreano, "Foi dada aos
							comandantes a autoridade para actuarem primeiro à vontade no caso de uma
							provocação norte-coreana para infligir uma
							retaliação que é mais de dez vezes tão dura quanto
							o nível da provocação".
							[21]
							 O Director de Operações do Estado Maior das Forças
							Armadas, Kim Yong-hyon, declara que em resposta a um incidente as forças
							armadas sul coreanas "punirão resolutamente não só a
							origem da provocação como também suas forças que
							comandam".
							[22]
							 Não é preciso muita imaginação para reconhecer
							como tal política tem o potencial para transformar uma escaramuça
							menor numa guerra.
 
 Os Estados Unidos e a Coreia do Sul assinaram recentemente um plano de
							contra-provocação, no qual forças estado-unidenses
							são comprometidas a providenciar apoio quando forças sul-coreanas
							ataquem um alvo norte-coreano. O plano esclarece acções que devem
							ser tomadas como resposta a vários cenários. De acordo com um
							responsável militar sul-coreano, ele leva em conta a política
							sul-coreana "a qual apela ao lançamento de contra-ataque não
							só para a origem da provocação como também a
							forças que a apoiam e seus comandantes". Em alguns cenários
							"armas estado-unidenses podiam ser mobilizadas para retaliar em
							águas territoriais e solo da Coreia do Norte".
							[23]
							 O plano de contra-provocação requer à Coreia do Sul
							consultas com os Estados Unidos antes de entrar em acção, mas se
							Seul requerer assistência os Estados Unidos não podem recusar-se a
							tomar parte em operações militares.
							[24]
 
 Numa poderosa demonstração destinada a intimidar a Coreia do
							Norte, os Estados Unidos e a Coreia do Sul começaram o seu
							exercício militar anual Resolução Chave 
							
								(Key Resolve)
							
							 em 11 de Março, sobrepondo-se ao exercício militar de dois meses 
							
								Foal Eagle
							
							 que começou a primeiro de Março. Durante o exercício,
							bombardeiros B-52 com capacidade nuclear decolaram de Guam e praticaram o
							despejo de munições na Coreia do Sul.
							[25]
							 Os comandantes estado-unidenses sabiam que esta acção inflamaria
							sensibilidades norte-coreanas, dadas as dolorosas memórias que os
							norte-coreanos têm da Guerra da Coreia, quando bombardeiros
							estado-unidenses executaram uma política de terra queimada e arrasaram
							toda cidade norte-coreana até ao solo.
 
 Os Estados Unidos mais uma vez agravaram a pressão sobre a RDPC com o
							envio do submarino USS Cheyenne, movido a energia nuclear, equipado com
							mísseis Tomahawk, para participar no Foal Eagle.
							[26]
							 Logo após, bombardeiros B-2 Stealth voaram sobre a Coreia do Sul em
							exercícios militares. "Como o B-2 tem a função de
							invisibilidade ao radar, ele pode penetrar a defesa anti-aérea para
							lançar armas convencionais e nucleares", comentou um
							responsável militar. "É a arma estratégica mais
							temida pela Coreia do Norte".
							[27]
							 O B-2, dever-se-ia notar, é o único avião capaz de
							entregar a bomba Massive Ordnance Penetrator de 30 mil libras [13.590 kg], a
							qual pode perfurar através de 200 pés [61 m] de betão
							antes de detonar. O avião também pode transportar
							múltiplas armas nucleares. Continuando a escalar a
							demonstração de força, os Estados Unidos enviaram a seguir
							aviões de combate F-22 Stealth à Coreia do Sul.
							[28]
							 O governo sul-coreano pediu aos Estados Unidos para não mostrar os
							aviões em público porque isso seria uma provocação
							desnecessária à Coreia do Norte. O pedido foi desatendido pelos
							Estados Unidos.
							[29]
 
 Num aumento do arsenal sul-coreano, os Estados Unidos aprovaram a venda de 200
							bombas destruidores de bunkers, adequadas para alvejar
							instalações subterrâneas norte-coreanas. Os planos exigem
							que as bombas seja instaladas até o fim do ano.
							[30]
							 A Coreia do Sul também planeia comprar à Europa 200
							mísseis de cruzeiro Taurus, lançados do ar, os quais são
							capazes de penetrar até seis metros de betão reforçado.
							[31]
 
 Como parte do seu planeamento para contingências futuras, os Estados
							Unidos constituíram uma organização militar
							responsável pela entrada na Coreia do Norte e captura de
							instalações e armas nucleares no caso de uma crise na RDPC.
							Naquele cenário, as forças dos EUA também prenderiam
							"figuras chave" e reuniriam informação classificada.
							Não foi revelado quais indivíduos norte-coreanos seriam sujeitos
							a prisão pelas forças dos EUA. A força seria composta por
							forças armadas dos EUA, operacionais de inteligência e pessoal
							anti-terrorismo. Um ensaio de imitação a implementar o plano fez
							parte dos exercícios Key Resolve recentemente concluídos.
							[32]
 
 Tendo feito tudo para provocar os norte-coreanos, a administração
							Obama agarrou a oportunidade para apontar a sua reacção como
							justificação para instalar uma lista de desejos 
							
								(wish list)
							
							 de hardware anti-míssil. O Pentágono anunciou que estacionaria
							14 interceptadores de mísseis adicionais em Fort Greely, Alasca e
							prosseguiria com o seu plano de colocar um segundo radar anti-míssil no
							Japão.
							[33]
							 Uma bateria Terminal High-Altitude Area Defense (THAAD) é prevista ser
							exibida em Guam na sua primeira instalação,
							[34]
							 e a plataforma SBX-1 X-Band Radar com base no mar está a mover-se para
							o Pacífico ocidental, que a Marinha diz poder ser o primeiro de outros
							posicionamentos navais.
							[35]
 
 O 
							
								Wall Street Journal
							
							 relata que o espectáculo de força militar foi planeado
							antecipadamente, no que a administração Obama denominou "o
							manual de estratégia" 
							
								("the playbook").
							
							 Os Estados Unidos actuaram com intenção deliberada de
							ameaçar a Coreia do Norte. Segundo o artigo, a
							administração decidiu colocar o manual em "pausa"
							só quando os media revelaram a deslocação de dois
							destróiers com mísseis guiados para o Pacífico ocidental e
							foi sentido que talvez esta notícia arriscasse pressionar os
							norte-coreanos demasiado longe. O posicionamento dos destróiers, como
							foi dito, não era para ser publicitado. Os próximos passo no
							manual foram adiados.
							[36]
							 Também foi informado que os Estados Unidos adiarão um voo de
							teste de um Minuteman ICBM em um mês a fim de não aumentar
							tensões.
 
 A percepção que a administração Obama pretende
							transmitir ao público americano e mundial, portanto, é que os
							Estados Unidos estão a actuar responsavelmente a fim de neutralizar a
							situação. Um alto responsável da defesa, entretanto,
							disse: "Não havia ordem de segredo da Casa Branca" em
							relação ao posicionamento dos destróiers. Além
							disso, hardware militar recentemente posicionado não foi retirado, ao
							passo que o exercício combinado em grande escala dos EUA-Coreia do Sul,
							Foal Eagle, no degrau da porta da Coreia do Norte continua sem pausa.
							[37]
 
 Apesar das afirmações de que está a amortecer suas
							acções, a administração Obama está a fazer o
							oposto. Responsáveis dos EUA dizem que não pretendem entrar
							novamente em combate com a RDPC.
							[38]
							 A dissuasão sob media e a cadeia de destruição
							estão em programação acelerada, colocando a
							Península Coreana à beira da guerra. Enquanto isso, os Estados
							Unidos estão a trabalhar arduamente para persuadir outros países
							a sancionarem o Foreign Trade Bank da RDPC e estão a considerar outros
							meios pelos quais possam levar a Coreia do Norte ao colapso económico.
							Um responsável anónimo do Departamento de Estado dos EUA observou
							que ainda havia espaço para a ampliação de
							sanções. "Não sei o que acontecerá, mas
							não alcançámos o limite, ainda há espaço
							para mais, e temos de tentar".
							[39]
 
 Responsáveis dos EUA pediram à União Europeia para
							sancionar o Foreign Trade Bank e novas discussões são
							expectáveis de acordo com estas linhas.
							[40]
							 O Japão e a Austrália já concordaram e juntar-se aos
							Estados Unidos no sancionamento do banco, tanto o responsável do
							Departamento do Tesouro David Cohen como o secretário do Tesouro Jack
							Levy pediram à China para fazer o mesmo.
							[41]
							 O presidente Obama fez um telefonema pessoal ao presidente chinês Xi
							Jinping, instando-o a sancionar o Foreign Trade Bank e responsáveis dos
							EUA continuam a pressionar a China, insistindo em que se a China não
							"tomar posição" sobre a Coreia do Norte os EUA
							aumentarão suas forças militares na Ásia.
							[42]
 
 Essa consequência, os chineses certamente percebem, seria voltada tanto
							contra eles como contra a Coreia do Norte. A opção que a
							administração Obama está a oferecer é que os
							chineses possam ou observar os Estados Unidos expandirem sua
							militarização da região e endurecerem o seu cerco da
							China, ou dobrarem-se à pressão americana e cooperarem provocando
							a ruína económica da Coreia do Norte. É provável
							que ao escolher a última opção os chineses venham a
							descobrir que os Estados Unidos não têm intenção de
							reduzir seu eixo central na Ásia e a sua presença militar na
							região cresceria sem dificuldades.
 
 Uma fonte diplomática revela que quer a China concorde ou não em
							acompanhar os pedidos estado-unidenses, o efeito sobre a economia da Coreia do
							Norte pode ser o mesmo. "O que o governo dos EUA está à
							procura de aplicar pressão psicológica sobre bancos chineses. Se
							bancos dos EUA evitarem transacções com bancos chineses que
							têm laços com bancos norte-coreanos na lista negra ou outras
							entidades, isso podia levar a efeitos semelhantes àqueles das
							sanções do boicote secundário".
							[43]
 
 Sem qualquer dúvida, os responsáveis e os media norte-coreanos
							têm estado a emitir proclamações de cortar o fôlego,
							a efectuar acções como cortar a linha telefónica militar
							com a Coreia do Sul, a anunciar a intenção de reiniciar o reactor
							nuclear de Yongbyon e a encerra temporariamente o Complexo Industrial de
							Kaesong, o que parece exacerbar tensões de forma imprudente. Contudo,
							há lógica no seu comportamento. A administração
							Obama nunca quiz negociar com a Coreia do Norte e, claramente, pretende
							efectuar mudança de regime quando acumula sanções sobre
							sanções e desenvolve planos militares que ameaçam a
							existência da RDPC. Com efeito, acções dos EUA encorajaram
							a Coreia do Norte a desenvolver um programa de armas nucleares como seu
							único dissuasor realista contra ataques, dada a tecnologia obsoleta do
							seu armamento convencional.
 
 Entretanto, responsáveis norte-coreano sabem que os EUA sabem que eles
							não têm uma arma nuclear utilizável, nem têm um
							veículo de entrega adequado. A RDPC tem opções limitadas
							e, por agora, responsáveis norte-coreanos aparentemente sentem que
							têm apenas duas opções. Podem ou aceitar docilmente ciclo
							após ciclo de punição enquanto testemunham
							desamparadamente o dano crescente à sua economia e as ameaças
							à sua nação, ou podem reforçar a sua
							retórica como meio de enviar uma mensagem aos Estados Unidos. Essa
							mensagem é de que se o Estados Unidos atingirem a Coreia do Norte
							obterão uma resposta mais forte do que esperam, que deveriam pensar duas
							vezes antes de atacar e que quanto mais os Estados Unidos exercerem
							pressão, mais a RDPC resistirá.
 
 Infelizmente, isto produz um ciclo de realimentação 
							
								(feedback loop),
							
							 em que quanto mais os Estados Unidos punem a RDPC, mais fortemente os
							norte-coreanos resistem e, quanto mais resistem, mais punição vem
							a seguir. O único meio aparente de sair deste impasse é um
							processo de paz, mas a administração Obama permanece
							obstinadamente oposta a negociações.
 
 O analista de assuntos internacionais Chen Qi, da Universidade Tsinghua,
							destaca que os Estados Unidos "não respeitaram as
							preocupações de segurança da RDPC e que está
							é a razão porque a questão nuclear na Península
							Coreia não foi resolvida". Chen sugere que "Washington pode
							querer que a questão nuclear de Pyonyang seja resolvida porque
							proporciona uma desculpa para a instalação de sistemas
							anti-mísseis e penetrações militares na região, as
							quais estão alinham-se com o seu reequilíbrio militar no Extremo
							Oriente".
							[44]
							 Os responsáveis dos EUA, deveria ser mantido em mente, nunca esconderam
							o seu desejo de provocar mudança de regime na Coreia do Norte, sem se
							importar com os perigos dessa política.
 
 Uma mudança na política estado-unidense pode nunca acontecer a
							menos que a Coreia do Sul abra o caminho com firmeza e isso é uma
							perspectiva improvável no presente. Uma tal mudança pode ter de
							esperar cinco anos, quando a próxima eleição presidente
							tiver lugar na Coreia do Sul. Isto é um longo tempo, dados os planos
							estado-unidenses para elevar tensões na Península Coreana. Se a
							Coreia do Sul não demonstrar liderança para uma abordagem
							alternativa antes disso, a questão é por quanto tempo
							tensões podem ferver sem transbordar uma crise perigosa.
 1 http://www.counterpunch.org/2012/10/18/militarizing-south-korea/
 
 2 http://www.kpolicy.org/documents/interviews-opeds/
								121204gregoryelichmappingthefutureussk.html
 
 3 http://www.kpolicy.org/documents/interviews-opeds/
								121204gregoryelichmappingthefutureussk.html
 
 4 http://www.globalresearch.ca/putting-the-squeeze-on-north-korea/53216
 
 5 David Wright, "Markus Schiller's Analysis of North Korea's Unha-3
								Launcher," All Things Nuclear, February 22, 2013.
 
 6 Michael Elleman, "Prelude to an ICBM? Putting North Korea's Unha-3
								Launch into Context," Arms Control Association, March 2013.
 
 7 http://www.globalresearch.ca/putting-the-squeeze-on-north-korea/5321689
 
 8 http://www.globalresearch.ca/putting-the-squeeze-on-north-korea/5321689
 
 9 http://www.oosa.unvienna.org/oosa/SpaceLaw/outerspt.html
 
 10 "DPRK Delegate Makes Speech at UN Special Committee Session,"
								KCNA, February 23, 2013.
 
 Stephanie Nebehay, "North Korea Blames U.S. for Tension on
								Peninsula," Reuters, February 27, 2013.
 
 11 "Nuclear Test, Part of DPRK's Substantial Countermeasures to Defend its
								Sovereignty: KCNA Commentary," KCNA, February 21, 2013.
 
 12 Kim Eun-jung, "S. Korea Beefs Up Integrated Air and Missile
								Defense," Yonhap, February 13, 2013.
 
 Kim Hee-jin, "Military Deploys Cruise Missiles in Reaction to North,"
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 13 "S.Korea, US to Discuss Stopping NK's Nuclear Program," Dong-A
								Ilbo, February 21, 2013.
 
 14 Adrian Croft, "EU to Tighten Sanctions on North Korea after Nuclear
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 15 Lee Chi-dong, "'Strongest Sanctions' on NK, Output of Artful U.N.
								Diplomacy," Yonhap, March 8, 2013.
 
 "S. Korea Seeks U.N. Resolution with Military Means Against N.
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 Do mesmo autor:
 http://resistir.info/asia/missile_mania_p.html
								, 30/Junho/2006
 http://resistir.info/asia/coreia.html
								, 12/Janeiro/2003
 
 [*]
								 Do Conselho de Directores do 
								 Jasenovac Research Institute
								, do Conselho Consultivo do  Korea Policy Institute e da  Korea Truth Commission,
								autor de  
								 Strange Liberators: Militarism, Mayhem, and the Pursuit of Profit
								.
 
 O original encontra-se em
								 www.counterpunch.org/2013/04/09/whats-annoying-the-north-koreans/
 
 Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info/
								.
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